domingo, 30 de outubro de 2011

Mário Gomes no Clinic da Póvoa de Varzim

Mário Gomes, elemento da equipa técnica nacional que levou a nossa equipa ao europeu da Lituania teve uma intervenção no clinic da Póvoa de que gostei muito. Em tom de súmula, publico aqui algumas das suas frases e/ou ideias já que nem sempre retive todas as suas palavras. Espero não trair o seu pensamento.
"As primeiras coisas primeiro".
"Treinador não se deve remeter às quatro linhas", Aí está a sua intervenção política sobre o basquetebol, no sentido nobre da palavra.
"Os treinadores devem ter uma palavra sobre as decisões do nosso basquetebol".
"É preciso motivar os dirigentes, além dos jogadores, em torno de objectivos".
"As nossas selecções jovens mostram trabalho bem feito"
"Quantidade e qualidade da competição não é substituível pelo treino".
"O problema do nosso basquetebol não é morfológico, como se fala há 5 décadas".
"Ao contrário do que se diz o problema não está nos hábitos ou atitudes dos jogadores que nesses aspectos foram do melhor."
"Nos contactos internacionais a equipa nacional tem um problema natural de consistência devido à fraca participação nesses mesmos confrontos em comparação com as equipas que defronta. Isso só se resolve com mais contactos internacionais nas selecções mas também nos clubes. Mais uma vez os treinadores deveriam ter voz nessa questão."
Mário Gomes deixou algumas questões no ar:
Porque é que temos dificuldades sobretudo nas fases do ataque?
"Temos problemas no contra-ataque. Estamos melhor no 5X5 do que no 2X1 e isso não é normal. Será que se está a trabalhar na formação contra-ataque?
Mário Gomes citou uma frase de Mário Palma, seleccionador nacional, segundo o qual, "o contra-ataque não é correr, saltar e lançar, mas sim correr, pensar, saltar e lançar."
Porque é que, nas selecções jovens, o lançamento exterior é muito mais um argumento do feminino do que no masculino?
Os lançamentos que a selecção faz, mesmo sem serem forçados mas bem seleccionados padecem de percentagens fracas. Porquê?
Há problemas de continuidade no ataque quando os set play não dão em lançamento.
A bola é muito tempo retida pelo possuídor havendo problemas de velocidade de circulação de bola no ataque. "Quando não há solução imediata a bola deve circular."
"Há muitas crenças erradas sobre o modelo de jogo". A começar pelo que é um modelo de jogo.
"Quando os jogadores chegam aos 18 anos põe-se o problema do que fazer com eles. A formação não terminou e é preciso criar soluções como por exemplo a Espanha criou. Deveriam ter competição de qualidade e treinar mais e melhor o que não acontece actualmente."
Mário Gomes revelou também uma frase de Aíto no jantar do primeiro dia: "Há sempre um momento em que cedemos - os treinadores - e de que depois nos arrependemos."
"O treinador não deve abdicar nunca da sua cultura de treinador."
Mais uma vez precavendo o leitor para o facto de algumas das frases que lhe trouxe aqui poderem não corresponder exactamente ao dito por Mário Gomes devido à dificuldade de transcrição do discurso, guardo para o final uma frase emblemática que, essa sim, memorizei bem:
"Os desistentes nunca vencem. Os vencedores nunca desistem".

Aíto Garcia Reneses (2)

Aíto voltou a estar excelente no segundo dia, desta vez abordando o tema "Conceitos de ataque a partir de um passe interior". O mesmo que eu disse ontem relativamente às qualidades da abordagem que Aíto fez da defesa valeram hoje para o ataque.
Na fase de perguntas respostas que houve à sua intervenção uma resposta me sensibilizou bastante, pelo menos da forma como a compreendi. Aíto disse que ao realizar com as suas equipas, já nos anos 80, defesas pressionantes, a exigência a que eram submetidos os seus jogadores fazia com que houvesse a necessidade de uma maior rotação no banco. Quebrava-se uma tradição geral das equipas desse tempo de um jogo mais pausado. As estrelas, habituadas a jogarem os 40 minutos sentavam-se no banco pela necessidade de recuperação física. Com humor, descreveu por exemplo, como era criticado nesse tempo por tirar Epi do campo, "logo quando ele estava com a mão tão quente". Nem o facto de ser vísivel serem os próprios jogadores a solicitarem as substituições o subtraíam à crítica. Contou também que antes mesmo de treinar o Barcelona, conseguiu com equipa mais modesta ganhar ao Real e ao Barcelona, usando uma defesa que era denominada pelos jornalistas de "Karaté Press". O futuro veio demostrar o interesse e a generalização da utilização de defesas desse género. Por fim mas não de menor importância estava o facto de a maior rotação do banco dar tempo de jogo a outros jogadores menos utilizados e mais jovens, com tudo o que isso trazia de benefício aos próprios mas também à capacidade e espírito de equipa. Mais uma importante lição de Aíto, em que ele foi pioneiro.

sábado, 29 de outubro de 2011

Aíto Garcia Reneses em Clinic na Póvoa de Varzim (1)

"Os clássicos não são clássicos por serem antigos. São clássicos por terem classe"
Maestro Fernando Lopes Graça

Hoje vi Aíto Garcia Reneses num clinic na Póvoa. O tema foi o ensino da defesa individual em todo o campo. Foi simples e eficaz. Mostrou as soluções que usa e em que acredita e fundamentou-as. Começar com as pedras básicas da fundação da defesa, o querer defender, o querer melhorar, construindo passo a passo os seus fundamentos: da posição defensiva e dos deslocamentos defensivos ao 5X5, passando pelo 1X1, 2X2 e 3X3. Treinar sobretudo de modo fraccionado pois é aí, sobretudo, que se consegue ensinar e corrigir. No ensino foi rigoroso com as exigências explicitadas como foi o caso de não permitir nesta fase de ensino as trocas defensivas perante os bloqueios.
Como todos os bons treinadores demonstrou saber ensinar e tanto ensinou os jogadores em campo como os companheiros treinadores na bancada. Enquadrou o que fazia no tempo, assinalando que a "sessão" que estavamos a presenciar tinha conteúdo para meses e que o ritmo utilizado diferia do ritmo de uma sessão de treino normal. Alertou desse modo para que não cometessemos o pecado da pressa.
No início disse desde logo coisas muito importantes, a sublinhar: o ataque só se torna mais forte com uma defesa mais forte e que o ataque faz coisas perante uma defesa fraca que perante uma defesa forte não consegue fazer; sem técnica não se pode meter grande táctica; só defendendo bem se pode atacar melhor; há que avançar pouco a pouco e ao ritmo dos jogadores. Na maior parte destes conceitos está expressa aquilo que os treinadores franceses da escola dialéctica de meados do século XX (como eu lhes chamo por aplicarem o método dialéctico na sua praxis) denominaram de relação de forças, fenómeno inalienável dos jogos colectivos e que muitos não conhecem, esquecem ou metem em parênteses. Mesmo quando trabalhava o 1X0 solicitava aos jogadores que suposessem a existência de um atacante.
Uma das coisas que disse no fim da sua intervenção foi que há 30 anos, aprendeu do célebre treinador Dean Smith, um tipo de defesa, que agora voltou a repescar com sucesso. Uma das razões para esse sucesso foi a de que os ataques de agora já tinham desaprendido de atacar essa mesma defesa. A mim veio-me ao espírito a diferença entre uma moda e um clássico: as modas passam, os clássicos permanecem.
Pessoalmente exalou uma aura de simplicidade no trato. Num momento de esquecimento ao intervir perante um jogador, não "inventou" nem tentou disfarçar-se de infalível. Fez seguir o "show" e retomou-o mais adiante.
Eu não conhecia Aito pessoalmente. No fim de assistir à intervenção de Aíto fiquei a admirá-lo como uma referência.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Frases

“Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos. E é por isso que eu sou um sucesso.” 
Michael Jordan (Jogador norte americano, por muitos considerado o melhor jogador de basquetebol de todos os tempos.)
Quem tem medo de falhar, dificilmente se tornará um grande jogador. Jordan, construiu o seu sucesso na base dos muitos erros que cometeu e que estiveram na origem dos seus sucessos.
Não tenhas medo de errar. E aprende com os teus próprios erros. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Princípio da selecção de lançamento

A selecção de lançamento é uma capacidade táctica extremamente importante.
Contudo, apresenta alguma relatividade em função do nível de jogo apresentado pelos jogadores/equipas. 
Nos jogadores que se iniciam é sabido que não há, praticamente, nenhuma selecção de lançamento, bastando que o jogador iniciante se aperceba que chegou à zona de finalização, em que lhe é possível fazer o lançamento, para tomar essa decisão. Isso é normal e treinador que pretenda temporizar, nesses níveis mais básicos, o acto de lançar, está a ir, na minha opinião, contra a natureza do jogo dos iniciantes. Esta natureza consiste em tentar, o mais rapidamente possível chegar à zona de finalização e lançar o mais rapidamente possível.
Só que, após esse nível mais básico, convém ir ensinando os aspectos mais prioritários da selecção do lançamento, até chegar, à medida que o nivel de jogo avança, à exigência da consideração de factores estratégicos nessa mesma selecção.
Assim, no início, penso que há que insistir na liberdade de lançar, com toda a confiança e sem medo de errar, desde que o jogador alcançou uma posição em que tem o cesto ao alcance (com razoável probabilidade de sucesso) e está liberto de marcação. Após essa aquisição, virão outras: o saber se é aquele jogador melhor posicionado para lançar; o haver colega(s) no ressalto; o saber o que é um lançamento forçado... Até chegar, como se disse antes, a considerações estratégicas tendo em conta, por exemplo, a correlação de forças, o momento do jogo, o tempo para o final, e outras eventuais opções previamente assumidas pela equipa.
Gostaria de saber qual a tua opinião acerca deste princípio. Comenta por favor.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Pedagogia concreta"

Há já alguns anos, através de San Payo Araújo, ouvi o salientar da importância da "pedagogia concreta" no ensinar basquetebol às crianças. San Payo referiu que tinha ido buscar o conceito a Teotónio Lima, o decano dos treinadores portugueses com vasta obra publicada no nosso meio.
Melhor do que as minhas palavras é remeter-vos para uma demonstração dessa pedagogia concreta no ensino do lançamento, num exercício com variantes a que San Payo chamou sabiamente, "Aprender a lançar sem angústias". Está no Planetabasket neste link. Não perca. Não deixe também de ler o artigo de enquadramento no mesmo site.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Torneio Comenius das Sete Nações

Ontem, no dia da nossa escola, aproveitando a visita das delegações de seis países no âmbito do projecto escolar Comenius, organizámos um torneio de basquetebol.
A competição para ganhar, existindo, não era o mais importante. O regulamento permitia que jogassem alunos e professores de diferentes idades, e tentou-se que os confrontos fossem o mais equilibrados possível. Para que se realizassem duas séries de 4 equipas, seguidas das "finais", criou-se ad hoc uma oitava equipa, a do "Resto do Mundo".
Para memória futura registe-se que participaram como países, além de Portugal, a Alemanha, A Roménia, A Bulgária, a Turquia, a Letónia e a Polónia. No início houve mesmo uma cerimónia de abertura com parada.
O prémio Fair-Play foi ganho por todas as equipas e quanto aos resultados finais mais importantes apontamos:
-muito divertimento;
-convívio e estreitamento de laços de amizade.
Valeu a pena pois nem os corpos nem as almas foram pequenos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sucesso e trabalho

"O único sítio onde sucesso aparece antes de trabalho é no dicionário."
Autor desconhecido

Problemas tácticos essenciais do jogo

Tacticamente, pode dizer-se que o basquetebol consiste num conjunto de quatro tipos de problemas de ataque entrelaçados com quatro tipos de problemas da defesa. Resolver esses problemas é tarefa individual dos jogadores e colectiva das equipas.
Assim, o primeiro problema do ataque é conservar a posse da bola logo depois de a ter adquirido. A seguir, e se a posse se tiver realizado longe do cesto, o seguinte problema do ataque é o de fazer progredir a bola para a zona de finalização. Chegados à zona de finalização, o problema existente é o de criar uma oportunidade/situação de finalização. Por fim, o derradeiro e principal problema do ataque é encestar.
Do lado da defesa podemos colocar o reverso da medalha. Assim, à posse do ataque corresponde a tentativa de recuperar a bola por parte dos defensores. A seguir incumbe à defesa contrariar a progressão da bola. Caso não consiga de todo fazê-lo, segue-se o tentar impedir ou prejudicar a criação de oportunidades de finalização pelo adversário. Por último, no sentido de proteger o cesto, a defesa deve tentar obstaculizar a finalização adversária.
Todos estes problemas, na sua forma básica, existem em todos os níveis do jogo, desde o Minibásquete à NBA. O que é diferente é o grau de complexidade do problema e as soluções respectivas exigidas.
Evidentemente, do ponto de vista estratégico, existem algumas equipas que prescindem de algumas fases da defesa ou então, a posse da bola é adquirida tão imediatamente e tão perto do cesto adversário que se segue por vezes logo a oportunidade de finalização.
O basquetebol pode ser assim concebido como um conjunto de problemas. Ganha geralmente a equipa que tem um maior número de soluções
Quando fores ver um jogo, ao vivo ou em video tenta ler o jogo com esta grelha de problemas.

domingo, 23 de outubro de 2011

Como saber o que ensinar e quando?

Aqui há dias formulei esta pergunta e disse que responderia mais tarde. Na minha opinião, todo o treinador deve conhecer teoricamente as características dos jogadores em função do seu nível desenvolvimento e ter também uma perspectiva do processo ensino-aprendizagem o que inclui uma trama daquilo que se deve ensinar progressivamente.
Só que há uma capacidade maior que o treinador deve ter: é a de ser capaz de observar e situar os saberes e as capacidades actuais dos jogadores, assim como apontar para o seu potencial imediato. Só isso pode responder directamente à pergunta: o que ensinar nesse momento? Saber também o que é a prioridade do ensino nesse momento, eis uma questão fulcral.
Um exemplo: perante uma equipa iniciante, cujas dificuldades se situam na conservação e no fazer progredir a bola no sentido do cesto, a prioridade é, na minha opinião, trabalhar as condições para que os jogadores, individual e colectivamente, sejam capazes de conservar e progredir a bola. Trabalhar os quandos do passe e drible para o jogador com bola, e a ocupação do espaço (o dar espaço e linhas de passe, desfazendo a aglomeração) por parte do companheiro sem bola, são as maiores prioridades do ensino nesse momento. Nessa altura, trabalhar a defesa ou mesmo trabalhar o acto de finalização não serão prioridades, sendo que no caso da defesa seria mesmo contraproducente.

sábado, 22 de outubro de 2011

Minibásquete: exercícios, videos e textos

No blog gémeo deste, o 120 anos de basquetebol, andamos por estes dias a falar de minibásquete: da sua história, dos seus personagens e de eventos próprios desse jogo inventado há 60 anos.
Aqui, neste blog virado para o aprender e ensinar o jogo, vamos fazer publicidade a três coisas:
-a um blog onde são apresentados videos e exercícios para o Mini;
-ao texto do manual português do Minibásquete com textos de San Payo Araújo;
Espero que vos façam proveito: aos que ensinam e aos que aprendem.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Jogar é escolher, jogar é decidir. (1)

E escolher e decidir só é possível quando existe uma alternativa ou mais: aprendi com alguns treinadores franceses que uma alternativa comporta sempre um mínimo de duas opções:
Longe do cesto, por exemplo:
-o jogador com bola pode basicamente passar ou driblar;
-e o jogador sem bola pode deslocar-se no sentido do cesto ou no sentido da bola.
Longe do cesto, estas são as duas opções básicas a ensinar aos que estão a aprender o BêABÁ do jogo.
Noutro dia falaremos de outras alternativas a aprender...

Nova equipa de Infantis B, feminina, do Desporto Escolar

Na minha escola, encontra-se em funcionamento uma equipa de infantis B, feminina de Basquetebol, do Desporto Escolar. Tem 15 raparigas inscritas e mais algumas na calha. Está quase a atingir o limite de jogadoras para poder funcionar com razoabilidade.
Sou eu o professor e estou muito satisfeito com as jogadoras que até agora apareceram. Espero que elas gostem, que continuem e que vão o mais longe possível: aqui na escola e em mais altos voos, futuramente.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Tirone Bogues: "a altura não é obstáculo"

Motivado por um comentário do meu colega Eugénio no post anterior, trago-vos o exemplo vivo de um jogador pequeníssimo - 1,60 (eu julgava que tinha 1,59, pois assim constava há uns anos) - que consegue bater-se com os gigantes. Vejam como ele trata a bola por tu, como passa e assiste os seus colegas milimétrica e surpresivamente, como lança acrobaticamente, como rouba bolas... Enfim, um jogador com J grande. Foi uma delícia rever alguns dos seus grandes momentos que vos trago aqui num video da youtube. E como ele, na NBA, há vários outros exemplos de grandes jogadores pequenos em altura.
Já agora dedico este post à Daniela e à Inês, jogadoras das infantis B da minha escola, que hoje fizeram o seu primeiro treino. São pequeninas e demonstraram já uma capacidade extraordinária.
Na verdade como dizia o meu professor da antiga 4.ª classe, os homens não se medem aos palmos. Muito menos as mulheres, digo eu.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que ensinar e quando?

Lanço-te algumas questões interligadas:
-na tua opinião, como é que se sabe o que se deve ensinar e quando, no processo de ensino-aprendizagem do basquetebol?
-por onde é que se deve começar, isto é, quais são as primeiras coisas a ensinar quando se ensina basquetebol?
Em próximo post eu darei a minha opinião tendo em conta as vossas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O jogo sem bola no basquetebol (2)

Sobre o jogo sem bola, apresento algo que escrevi na minha tese de mestrado (que poderás encontrar aqui em texto integral):
"Há muitos anos que vários autores referem a importância do saber jogar sem bola para atingir resultados de grande nível, mesmo ou sobretudo na alta competição. Já em 1965 o treinador americano Pete Newell, citado em Rat (1966), demonstrava com uma contabilidade elementar que, como o jogo tem 40 minutos, dividindo esse tempo pelos dez jogadores, cada um deles só poderia, em média, ter a bola durante 4 minutos. Dito de outro modo, “90% do jogo faz-se sem bola”. (Michel Rat, 1966) A qualidade do jogo depende muito das “colocações e das acções significativas” sem bola que os jogadores fazem, para ajudar os colegas, para irem ao ressalto, para recuperarem defensivamente, etc. O jogo de Basquetebol assim como os outros Jogos Desportivos Colectivos, caracteriza-se por requerer um uso inteligente dos espaços, através de colocações, deslocamentos, orientações. Acções que, como sabemos, se devem revestir de grande precisão, velocidade e intencionalidade, ao mesmo tempo que são submetidas a grande pressão temporal e imprevisibilidade. Atingir altos níveis de proficiência nestes desportos exige um desenvolvimento muito grande das capacidades perceptivo-decisionais e das correspondentes respostas motoras. A descentração sobre a circulação da bola é um elemento decisivo para a evolução dos jogadores, assim como o é também para os professores e treinadores, de modo a conseguirem observar o jogo devidamente. E o que é importante para os jogadores adultos não deixa de ser importante para os alunos da escola."

domingo, 16 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Princípio do enquadramento. Sempre?

O jogador, regra geral, quando recebe a bola deve enquadrar-se com o cesto (virar-se para o cesto). Esse enquadramento permite-lhe um óptimo ângulo de visão de jogo e consequente boa leitura do mesmo; além disso, permite de forma também óptima, encetar as acções seguintes de lançar, penetrar em drible para o cesto ou passar. É a chamada posição de tripla ameaça.
No caso dos jogadores que recebem perto do cesto, habitualmente chamados de postes e que jogam de costas para o cesto, a situação é diferente. Em primeiro lugar eles devem olhar ou sentir o que se passa nas suas costas, na direcção do cesto, sem necessariamente se enquadrarem com este. Tal acontece por razões técnicas que tornam esse estilo de jogo mais proficuo para esse tipo de jogadores.
In Coaching Basketball. Technical and tactical skills. ASEP


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Princípio da Mobilidade

O princípio da Mobilidade aumenta o efeito do princípio do Espaço. Como já sabes do princípio do Espaço os jogadores devem estar equilibradamente dispersos pelo terreno de jogo a pelo menos 3 ou 4 metros uns dos outros. Se eles se moverem para os espaços vazios, então as hipóteses de se abrirem linhas de passe e novos espaços para o jogador com bola ou sem bola jogar aumentam também.
Na figura de baixo podes ver como os jogadores se movem (linhas a vermelho) para os espaços vazios. Além disso fazem mudanças de direcção e fintas, isto é, levam os defesas numa direcção e depois movem-se na direcção oposta. Os movimentos na direcção do cesto ou na direcção da bola, ou ao contrário, são óptimos para se abrirem linhas de passe.
Outra coisa importantíssima é que o movimento de uns jogadores criam espaços para os outros aproveitarem.
Os movimentos dos jogadores estão marcados a vermelho


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Carácter ou reputação?

"Preocupa-te mais com o teu carácter que com a tua reputação. Carácter é aquilo que tu és. Reputação é apenas o que os outros pensam que tu és."

John Wooden (Célebre treinador de basquetebol)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Princípios básicos ofensivos individuais

Um conhecido treinador francês, Jacque Vernerey, é um adepto do "jogo de regras", também conhecido por "jogo por princípios ou conceitos" como alternativa ao jogo de sistema. Elaborou mesmo um DVD sobre a importância desse tipo de jogo desde a iniciação e sobre a forma de construir esse tipo de ataque. Em vez dos jogadores serem como uns robots ou peças de xadrez que só fazem o que o treinador lhes manda fazer, no "jogo de regras" é o jogador que escolhe o que fazer em função da sua leitura do jogo e do leque das possibilidades que sabe realizar.
Ao nível individual ele apresenta cinco regras ou princípios que os atacantes devem respeitar de modo a praticarem um jogo inteligente.
Os 5 princípios são:
- enquadramento com o cesto;
- espaço;
- mobilidade;
- selecção de lançamento;
- equilíbrio ressalto/ recuperação defensiva.
Dado que concordamos que estes princípios ofensivos são de facto básicos e estruturantes para se realizar um jogo inteligente, iremos abordá-los e desenvolvê-los ao longo de próximos posts.
Evidentemente, só através de uma melhoria da execução dos fundamentos técnicos é que os princípios de jogo podem ser servidos pela eficácia e eficiência necessárias. Existe uma relação dialéctica entre os tais princípios que servem de estrutura cognitiva das decisões e as realizações motoras que lhes dão possibilidade de realização prática.
No post anterior começamos por apresentar o princípio do espaço por o acharmos estruturante. em próximos posts falaremos dos outros 4 princípios.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A aglomeração e o princípio/regra do Espaço.

O fenómeno da aglomeração junto à bola acontece muito no início da aprendizagem do jogo. Todos os jogadores querem ter a bola e a atracção exercida por esta faz com que todos se aproximem dela. É um fenómeno natural marcado pela afectividade e emocionalidade ainda pouco controlada das crianças ou daqueles que ainda não dominam minimamente o jogo. E se os atacantes sem bola se aproximam do seu colega com bola o mesmo se passa com os defesas.
É preciso, a pouco e pouco, demonstrar a necessidade dos jogadores sem bola se afastarem dela para "darem" espaço ao seu colega com bola de modo a que ele possa perceber bem o jogo, decidir o que fazer e executar (seja o drible, o passe ou o lançamento) sem ter toda a gente à sua volta a estorvá-lo.
Por outro lado, o facto de os atacantes sem bola "darem" espaço ao seu colega com bola, proporciona-lhes melhores condições de desmarcação e recepção da bola. Esse é um bom argumento para convencer os jogadores jovens a darem espaço pois sabem que é "dando" que podem mais facilmente "receber".
Ao ensinar os jogadores a ocupar e a usar melhor o espaço ofensivo, costumo fazer demonstrações práticas:
-(Figura 1) mostro a desvantagem da aglomeração dando o exemplo do que acontece quando 5 jogadores se colocam a 1 ou 2 metros entre si: basta um jogador a defendê-los, pois está muito perto de qualquer dessas linhas de passe, algumas das quais estão até fechadas nessa situação. (Esta situação dá também, evidentemente, para demonstrar a confusão que se cria para o atacante com bola);
-(Figura 2) mostro pelo contrário que para defender 5 jogadores que se encontrem afastados entre si, pelo menos 3 a 4 metros, são precisos os cinco defensores.
É o princípio/regra do espaço, no ataque, a funcionar. A seguir a esse, se se junta o princípio/regra da mobilidade, o jogo em termos de possibilidade de circulação da bola começa a funcionar realmente.

1. Um só defesa basta para defender 5 atacantes
 por estes estarem muito próximos

2. Agora, dado que os atacantes alargaram o espaço
de jogo ofensivo, são necessários os cinco defesas.



domingo, 9 de outubro de 2011

O melhor jogador de sempre?

Michael Jordan é considerado por muitos o melhor jogador de sempre. Num óptimo e bem recheado site espanhol de básquete encontrei um artigo sobre ele que dá conta da "receita" dessa grande estrela para ter chegado onde chegou:
"Michael Jordan era famoso pela sua condição atlética e pelos seus extraordinários cestos convertidos. Mas era também o primeiro a chegar aos treinos e o último a sair. Quando entrevistavam os seus colegas de equipa e os seus treinadores, todos falavam da sua rigorosa disciplina, não da sua habilidade para saltar."
"Um veterano treinador da NBA disse sobre o talento de Jordan: "sem a sua ética de trabalho incansável, Jordan seria simplesmente mais um atleta dotado com uma carreira admirável, mas não teria passado à história.""
Vejam aqui um video que também estava nesse site e que mostra coisas fabulosas que Michael Jordan conseguiu fazer.

sábado, 8 de outubro de 2011

"Um olhar novo sobre o jogador" Robert Mérand

Há uma grande diferença entre olhar para o jogo dos mais novos à cata de defeitos ou olhar para esse mesmo jogo procurando o que os jogadores já sabem fazer e daí extrair ilações para o trabalho adaptado e imediato com esses mesmos jogadores.
Um dos maiores professores de Educação Física da história desta disciplina - Robert Mérand - faleceu no passado dia 27 de Agosto, com quase 91 anos. Foi ele que com os seus escritos nos ensinou isso mesmo e muito mais e que faz toda a diferença.
Uma divulgadora excelente da obra deste autor incontornável é Michèle Vandevelde. Se souberem francês e se procurarem na net encontrarão coisas sobre este autor. E se tiverem a hipótese de comprarem o livro que vos mostro na imagem em baixo, nem sequer hesitem.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Basquetebol ao desafio

Cantar ao desafio na música tradicional portuguesa, consistia em estarem dois ou mais cantores, seguindo a mesma melodia mas a cantarem letras diferentes, muitas vezes improvisadas e brincando uns com os outros, às vezes com certa malícia.
No vídeo que te trago surge o maravilhoso Pete Maravich ("Pistol Pete") a desafiar outros profissionais para fazerem as mesmas habilidades que ele fazia. Vale a pena ver. E imagina o trabalho de aperfeiçoamento que não estará por detrás daquela aparente facilidade...



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Talento ou trabalho?

É conhecida a frase que refere que o talento é fruto de 5% de inspiração e 95% de transpiração. O video que apresentamos mostra uma criança de 11 anos que no basquetebol já faz muitas coisas, variadas, difíceis e com grande rapidez. O segredo é o muito trabalho aplicado que, com certeza, é realizado por ele com muito gosto. Teve de certeza bons professores, pois ele realiza as acções com muita qualidade e isso não poderia ser feito apenas por geração espontânea. No video ele e o treinador referem como não se deve descurar a formação geral e educacional. Damon quer ir para a universidade, o que acha extremamente importante.
O que ele faz e os exercícios apresentados podem constituir exemplos para os teus próprios treinos pessoais. Alguns só necessitam da tua própria pessoa, de um chão liso e de uma bola.



terça-feira, 4 de outubro de 2011

O lançamento em apoio

Qualquer criança que tenha acesso a uma bola de basquetebol e a um cesto a primeira coisa que faz é lançar, ou driblar para se aproximar dele e lançar de seguida.
Não é difícil, por isso e por uma análise essencial do basquetebol, erigir o lançamento como a "técnica" principal deste jogo.
Para dar alguns conselhos sobre a forma "actualmente" consagrada de bem lançar a todo o cesto, fomos buscar um video da youtube onde Jota Cuspinera dá dicas excelentes a quem se inicia nos fundamentos do lançamento em apoio. Está com atenção aos pormenores e depois pega numa bola e vai experimentar. Lembra-te que mesmo sem uma bola de basquete podes na mesma tentar os movimentos com algo que simule uma bola ou mesmo sem ela. Usa a imaginação.
O segredo de um bom lançador, como diz Randy Knowles, reside em aprender a boa técnica e depois em repeti-la imensas vezes. "O lançador não nasce mas faz-se". "Todos podem ser bons lançadores" se trabalharem para isso.


Aprender em grupo

Melhorar a jogar basquetebol até sozinho se pode fazer. Aliás, se alguém quer melhorar a sua prestação até ao mais alto nível terá inevitavelmente de treinar muita coisa sozinho: um dos exemplos é o do lançamento e de outras destrezas individuais.
Mas quando se arranja um grupo de amigos, um local e material adaptados  e seguros o jogo pode ser um divertimento inigualável. Uma forma de desenvolvimento pessoal e colectiva poderosa.
Trazemos -te um video que é a demonstração disso mesmo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aprender sim, mas onde?

Pode aprender-se e praticar-se basquetebol em muito lado. Trago-te um video que apresenta dois jovens que já têm um enorme saber ao nível da técnica e que, com a sua criatividade, aproveitam um espaço reduzido, materiais adaptados, e, podes crer, estão a aperfeiçoar muita coisa: técnica; criatividade; precisão e pontaria; destreza corporal,; etc.
Mas por favor, se tentares algo de semelhante, tenta procurar um espaço adequado e não partires nada lá em casa, incluindo a tua pessoa.

domingo, 2 de outubro de 2011

Ética do "ensinante"

"Quem deixa de aprender deve deixar de ensinar."
Teotónio Lima, decano dos treinadores portugueses.

Aprender basquetebol

Pode-se aprender basquetebol de muitos modos. "Aprender jogando" foi o primeiro método de aprendizagem do jogo, aplicado em 1891 pelo inventor do jogo, James Naismith. Continua a ser extremamente válido. Se queres aprender ou ensinar este jogo o melhor é começar pelo jogar, logo depois de conhecer as regras básicas. O resto, que é o infinito, virá depois...