terça-feira, 29 de novembro de 2011

Formar o cinco ideal

"Alguns dizem-te que tens de usar os teus cinco melhores jogadores, mas eu descobri que tu vences com os cinco que encaixam melhor como equipa"
Red Auerbach
Comentário: Acho que todos nós, treinadores, já aprendemos, na prática, a grande verdade encerrada nesta frase. E isto vale tanto para as equipas de alto rendimento como para as de formação.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O "crossover" e a sua evolução

O "crossover", a mudança de direcção em drible, é um dos mais poderosos argumentos a usar no 1X1. Vejam aqui um video sobre a evolução desta técnica nas três últimas décadas, na voz de alguns dos seus melhores interpretes da NBA.
É uma técnica a aprender e a usar desde o iníco do percurso formativo como jogadores.


domingo, 27 de novembro de 2011

Educar a capacidade de "leitura de jogo".

"Preocupação permanente é... a de conseguirmos que os jovens percebam o porquê das acções que realizam, enquanto jogam.
Ser capaz de "ler o jogo" é fundamental para que o praticante seja eficaz nas suas acções. É a leitura de jogo que permite que as respostas sejam as mais adequadas à situação. Trata-se de uma capacidade tão educável como qualquer outra, através da nossa intervenção.
Antes de mais, exigindo sempre que o jogador veja o jogo antes de decidir o que fazer; depois, através de "feed-back" substantivos nas situações de jogo que o justifiquem.
A intervenção deverá ser, como é óbvio, adequada ao nível dos praticantes, devendo estar claro o que já são capazes de "ler" (exigir sempre, não permitir regressão) e o que queremos que aprendam a "ler" em seguida (reforços positivos).
Isto é, o jogo dirigido é um meio essencial para educar a capacidade de leitura de jogo."

Hermínio Barreto e Mário Gomes, in "A concretização de uma unidade didáctica em basquetebol"

sábado, 26 de novembro de 2011

Infantis B femininas: 1.º jogo amigável.

Hoje de manhã, entre as 8h45 e as 10h30, a nossa equipa de Infantis B, feminina, da EB2,3 de Oliveira do Douro, Gervide, realizou o seu primeiro jogo (amigável) com uma equipa do Grupo Desportivo Bolacesto, composta por jogadoras da mesma idade das nossas. Estiveram presentes pela nossa parte 18 jogadoras e pelo Bolacesto, 8.
De modo a darmos oportunidade a todas as presentes de jogarem o mais possível, fizemos primeiro jogos em campos transversais, 4 contra 4. Só depois experimentamos jogar a campo inteiro 5 contra 5. Finalizamos com as jogadoras das duas equipas compondo equipas mistas em jogos 5 contra 5 em campos transversais.
O Bolacesto, dando lugar à sua maior experiência em número de treinos e de jogos foi superior nos resultados dos jogos e na forma de jogar. No entanto as jogadoras da Gervide deram boa conta de si e lutaram muito bem. Demonstraram saber comportar-se dentro de um campo de jogo e que há boas perspectivas para o futuro caso se mantenham unidas e se esforcem por melhorar.
Esta jornada serviu também para aprender e consolidar uma forma de aquecimento para jogos e aprender algumas rotinas fundamentais que todas as jogadoras devem saber fazer neste tipo de acontecimentos desportivos.
No fim todos se cumprimentaram com fair-play, coisa que nos esquecemos no início dos jogos, tão preocupados estávamos em pôr as atletas a jogar e a aproveitar o pouco tempo disponivel. Ficaram desde já agendadas, possíveis repetições destes jogos.

A Iniciação Desportiva Generalizada

Por falar em formação desportiva generalizada, hoje vamos dar a conhecer uma iniciativa dos anos 60 do século XX, em Portugal, em que estiveram envolvidos os professores de Educação Física José Esteves e Francisco Costa. Ocorreu no Barreiro, na antiga CUF, e proporcionou a muitas crianças que lá viviam experiências inolvidáveis, contribuindo até para formar futuros desportistas de renome em vários desportos.
Nessa iniciativa, chamada de Iniciação Desportiva, as crianças tinham a oportunidade de praticar vários desportos, desde os desportos colectivos à patinagem, e também jogavam e aprendiam Xadrez.
Se pensarmos bem, quem avançou com esta iniciativa estava muitos anos à frente do seu tempo e ainda hoje isto não se faz, como deveria fazer-se. Ao ver-se como os peritos espanhóis que conduzem actualmente o seu basquetebol, preconizam uma prática diversificada para além do básquete até aos 16 anos de idade, é motivo mais do que sufuiciente para admirar esses professores veteranos de EF.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Publicações do professor Hermínio Barreto

Voltamos a fazer aqui referência a uma mensagem que publicamos hoje no blog gémeo deste, com as publicações do professor Hermínio Barreto, verdadeiros clássicos da pedagogia do basquetebol, de grande utilidade para quem ensina este desporto.

Formação desportiva generalizada.

O Nuno Tavares, em artigo saído no Planetabasket, refere que em Espanha, actualmente, aconselham os jovens antes dos 15/16 anos a experimentar e a praticar vários desportos e não só o basquete, como forma importante da sua formação de atletas. Esta forma de conceber a prática juvenil, dilata o período (até aos 12/13) que até agora era recomendado por vários especialistas do treino de jovens e que chegou a ser uma prática em Portugal, em certos locais, como a CUF do Barreiro, por iniciativa do professor José Esteves e com a participação directa do professor Francisco Costa.
Se és jovem tenta aumentar o leque das tuas experiências desportivas. Se és treinador, tenta fazer com que as experiências dos teus atletas se diversifiquem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hermínio Barreto: as suas ideias para o ensino do basquetebol.

Estou a repartir entre este blog e o 120 anos de basquetebol as mensagens sobre o professor Hermínio Barreto. A razão é simples: ele é simultaneamente um autor moderno, pois as suas ideias para o ensino do basquetebol são actuais, e é também um clássico, não só ou essencialmente por ter um passado longo no basquetebol, mas por ter classe, como dizia o maestro Lopes Graça.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A arte de ensinar feita pessoa

Se há alguém em Portugal que personifique a arte de bem ensinar o basquetebol, esse alguém é o professor Hermínio Barreto.
Quem já teve a oportunidade única de o ver ensinar sabe do que falo. Quem não teve e faz parte desta família do basquete, deveria reservar um tempo a procurar coisas deste grande mestre.
Em próximas mensagens dedicar-me-ei a dar algumas referências para aqueles que querem saber mais da arte de ensinar de Hermínio Barreto.
Para já, aqui fica uma citação que encontrei no site do Planetabasket e que é toda uma filosofia de treino:
E se fores um jogador, diria eu no sentido das palavras do Mestre, nunca te deixes enganar pelas vitórias, se elas não corresponderem a verdadeiros avanços na interpretação do jogo. Procura, em primeiro lugar, superar-te a ti próprio, em cada treino ou em cada jogo que faças.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ensinamento

"Os ataques não marcam cestos, quem marca cestos são os jogadores."
Bob Knight e Pete Newell, in Basketball. According Knight and Newell.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pensamento

"Não há uma e uma só maneira de pensar e ensinar o basquetebol"
Pierre Vincent, in Basket. Méthode d'entraînement. La formation des jouers.

domingo, 20 de novembro de 2011

Definição de bom jogador

"Um bom jogador é um jogador que está sempre no bom momento no sítio certo, um jogador que realiza o gesto justo no momento justo, nada de mais mas nada de menos."
Pierre Vincent, in Basket. Méthode d'entraînement. La formation des joueurs.


sábado, 19 de novembro de 2011

Ensinar a fazer "jogadas" ou ensinar a jogar por conceitos?

"Nós sentimos que ensinar crianças a jogar basquetebol usando os quatro conceitos básicos (selecção de lançamento; manejo de bola sem cometer erros; mover-se sem bola e ajudar-se uns aos outros a libertarem-se dos defensores) é melhor do que ensinar-lhe jogadas (pattterns) ou movimentos. Uma equipa com uma boa selecção de lançamento e que não faz erros com a bola será muito difícil de defender para a equipa oposta. E se acrescentarmos o movimento sem a bola e a ajuda mútua para se libertarem dos defensores, estaremos numa posição em que o ataque dessa equipa será muito bom. Nada pode ser mais ineficaz do que uma jogada (pattern) que corre com mau manejo de bola ou má selecção de lançamento."
Bob Knight e Pete Newell, in Basketball. Accordind by Knight and Newell.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pete "Pistol" Maravich: uma inspiração.

Não é a primeira nem será a última vez que apresento nos meus blogs o Pete "Pistol" Maravich. Acho que ele é um motivo de inspiração e um exemplo para qualquer jogador ou admirador de basquetebol.
Hoje trago um video que vi no excelente, embora já parado, blog do Rui Costa e que não resisti a trazer para aqui.
Espero com isto desencadear naqueles que ainda jogam, motivos para tentarem ir o mais longe possível. Quanto aos treinadores, aos que jogam por fora mas também jogam intensamente este jogo, espero que saibam incutir sonhos nos seus atletas, de que um dia, quem sabe, com muito trabalho e amor ao jogo, façam coisas parecidas com as que vemos neste video.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Basquetebol: uma linguagem universal

O basquetebol é também uma linguagem que tem de ser aprendida. É até interessante ver como duas equipas, compostas por jogadores de países diferentes que não falem uma língua comum, num campo de basquetebol podem entender-se perfeitamente. É a compreênsão dessa língua especial que é o basquetebol que produz esse entendimento.
Se quisermos aprofundar ainda mais esta questão da linguagem, poderemos dizer que no basquetebol existem várias linguagens incrustadas: é a linguagem das regras, que balizam o que se pode e não pode fazer; é a língua da táctica, que induz o que o jogo pede que os jogadores façam ou cria as situações que os jogadores querem fazer do jogo; é a línguagem do corpo, das posturas, que traduzem para os outros as dominações sofridas ou a dominação latente em relação aos adversários. E é também a contracomunicação, expressas nas fintas e nas surpresas dos processos utilizados.
O basquetebol é assim, uma linguagem feita de linguagens e que permite que todos os jogadores se podem entender mesmo não falando a mesma língua materna.
Pedra da Roseta - permitiu decifrar os hieroglifos egípcios


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Basquetebol e ciência

A ciência pode trazer ao basquetebol muitos contributos. O contrário também é verdade. Trazemos aqui um exemplo de como a ciência, ao analisar o lançamento de um dos melhores lançadores de 3 pontos da NBA, Ray Allen, mostra três dos possíveis factores de sucesso desse tipo de lançamento: o ângulo de saída; a altura de saída; o efeito retroactivo na bola. E explica o porquê desses contributos para o sucesso. Vejam bem e aproveitem.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Definição de equipa em poema

É com imenso prazer que coloco aqui um poema feito por um treinador de basquetebol que é meu amigo, e que foi feito para "tentar transmitir à sua filha o valor de estar numa equipa, isto é , em algo maior que nós próprios."

"Quem me apoia sem eu pedir?
Quem vai lá estar se eu falhar?
Quem num só consegue reunir,
Companheiro, amigo, até irmão se calhar?
Quem luta comigo até ao fim?
Quem merece que não pense só em mim?

É quem partilha comigo este jogo complexo,
Ao lado de quem me bato de forma destemida,
Quem não sendo igual a mim é o meu reflexo,
Neste jogo onde se aprende também a vida.
Isto é único e a todos se aplica,
É a magia que me une à minha Equipa.

                                             José Manuel Almeida  
                                      Treinador de basquetebol

domingo, 13 de novembro de 2011

O fenómeno do alinhamento

Como interpretas esta imagem?
A mim, o que me achou a atenção foi o facto dos três defesas se colocarem simultaneamente no corredor de jogo directo (corredor que vai da bola ao cesto) como também estarem entre a bola e o atacante sem bola, com acção activa dos braços e cortando a linha de passe.
Pela sua parte, o jogador com bola, extremamente novo, está com um enquadramento com o cesto irrepreensível.
Acho que há aqui a possivel demonstração de uma grande inteligência de acção.
Há uma grande diferença entre olhar para o jogo dos mais novos à cata de defeitos ou olhar para esse mesmo jogo procurando o que os jogadores já sabem fazer e daí extrair ilações para o trabalho adaptado futuro com esses mesmos jogadores.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Basquetebol e educação

“Dar uma boa educação aos jogadores é, aos meus olhos, tão importante, senão mesmo mais importante, do que fazê-los bons basquetebolistas.”

Dean Smith
(Um dos maiores treinadores de sempre)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"O acto táctico em jogo"

Com o título desta mensagem, saiu em 1969 em França e nos anos 80 em Portugal, um dos livros mais importantes no que concerne à análise daquilo que é mais estruturante nos jogos desportivos colectivos: o acto táctico. O seu autor, Friedrich Mahlo, treinador e professor da antiga Alemanha Democrática, escreveu-o na década de sessenta em ano que não consegui discriminar.
É uma análise profunda do conteúdo que pretendeu tratar, esmiuçando as componentes do acto táctico e desembocando em recomendações sobre a formação deste aspecto dos jogos. Formula princípios, fases e conteúdos da formação táctica e termina com a sugestão de um programa de jogos para a infância correspondente aos alunos do 1.º ciclo.
Ainda hoje este é uma livro a não perder na formação de qualquer treinador. Se há muito que entretanto se desenvolveu nesta área do conhecimento, muito se deve às ideias expressas por Mahlo.
Terminamos esta mensagem com uma das definições de acto táctico dadas por este autor alemão de leste: "consiste em resolver praticamente, e no respeito de todas as regras em vigor, um grande número de problemas postos pelas diversas situações de jogo; esta resolução deve ser simultaneamente rápida e deliberada, visando o maior êxito possível da actividade global. O acto táctico implica o desenvolvimento das qualidades físicas, a formação do "savoir-faire" e a aquisição de conhecimentos que deveriam ser utilizados de maneira reflectida e sensata, para se poderem resolver os problemas que se levantam." (pag 17) 
Se alguém me souber dizer do que é feito deste autor e de outras obras por ele escritas eu agradeceria muito. É que, para além do livro que aqui falo e de uma colaboração em outro livro de autor colectivo sobre Basquetebol, editado pela Estampa, não sei de mais nada que entretanto ele tenha feito.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Reflexão sobre o conceito "equipa"

O basquetebol é um jogo de equipa, mas todos os jogadores e treinadores sabem, na prática, que uma equipa não é um ponto de partida mas "pontos" de chegada. Existe um grupo inicial que está junto para treinar e jogar. Mas ser uma equipa é uma construção de nível muito superior ao grupo. Na capacidade de transformar um grupo numa equipa está muito do segredo dos treinadores. Sem essa competência de carácter relacional e humano que beneficia muito, evidentemente, da competência técnica, o treinador fica muito diminuido. O mesmo se passa em todas as profissões onde o trabalho de equipa é fundamental.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Blog e site recomendado

Ontem conheci na net um blog muito interessante do treinador Mike Mackay, com ideias muito proveitosas para quem quer aprender e ensinar basquetebol.
Recomendo vivamente:
http://basketball.ca/en/hm/blog/?sid=210
O site onde o encontrei contém também videos, entre outras coisas, também muito interessantes pelo mesmo motivo exposto em cima:
http://www.basketballmanitoba.ca/
Aproveitem. O único problema é que têm de perceber a língua inglesa.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Spacing (Espaço): os spot's no ataque de posição.

Quando Jacques Vernerey fala dos spot's (posições) no espaço de ataque, num ataque de posição, distribui-os tal como aparecem em baixo pintados. Três spots de bases e dois de extremos (de cada lado), no que se refere ao jogo exterior, e três posições interiores de postes de cada lado da área restritiva, respectivamente, de poste alto, de poste médio e de poste baixo. 
Na prendizagem deste jogo de posições, Vernerey gosta de ver os jogadores sem bola a ocuparem momentaneamente as posições e, num máximo de 2 segundos movimentarem-se para outra, podendo fazer os vários tipos de cortes ou bloqueios que são possíveis realizar. Mas sempre tendo em conta uma ocupação equilibrada do espaço pelos cinco jogadores da equipa.


domingo, 6 de novembro de 2011

Os 5 princípios constitutivos do jogo ofensivo

Com a penúltima mensagem abordámos aqueles princípios que, segundo o treinador francês Jacques Vernerey ,são os 5 princípios constitutivos do jogo ofensivo:
1- 1.º olhar interior (que pode desembocar, ou não, no enquadramento com o cesto em posição de tripla ameaça);
2- a mobilidade sem bola;
3- a selecção de lançamento;
4- o equilíbrio entre o ressalto ofensivo e a recuperação defensiva,
5- o espaço.
Ainda iremos desenvolver o princípio do espaço, no contexto do jogo junto ao cesto do adversário, - chamada zona de finalização - definindo um conjunto de posições (spot's) de referência para os jogadores.
Adquirindo a capacidade de cumprir estes princípios de jogo, os jogadores ficam dotados de uma estrutura de acção táctica básica importante. Evidentemente, para os poderem realizar com qualidade é preciso juntar ao conhecimento táctico uma capacidade de execução dos fundamentos correspondentes: posição ofensiva de tripla ameaça; corrida, mudanças de direcção e velocidade; paragens, rotações, drible, entradas em drible directo ou cruzado, lançamento, passe, fintas, etc.
E adquiridos estes princípios e fundamentos básicos os jogadores estarão capazes de realizarem manobras a dois e a três com possibilidades de maior sucesso.

sábado, 5 de novembro de 2011

Todos diferentes, todos iguais.

Num comentário a uma mensagem do meu outro blog, o meu aluno Luís sugeriu-me a visão de um video da youtube, comentando:
"aqui está um grande rapaz e uma grande equipa... Humanidade no seu melhor!"
Concordo plenamente. E por isso, dedicando ao Luís esta mensagem, coloco aqui o tal video. Para quem não percebe inglês dizemos que se trata de um rapaz que sofre de autismo e que é maravilhosamente acarinhado por todos na sua equipa, e também pelo público (inclusivé adversários, apostaria eu...). Num jogo que é aqui mostrado cometeu uma proeza que bem poucos jogadores da NBA conseguiriam... Vejam com os vossos próprios olhos.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Princípio do equilíbrio entre ressalto e recuperação defensiva

Falando de um jogo em que 5 jogadores atacam e 5 defendem, num "basquetebol total" (nem sempre foi assim na história do jogo), há momentos de transição entre as duas situações que são decisivos. Passar rapidamente do ataque para a defesa e vice-versa, reagir rapidamente e antecipar mesmo essa reacção, são características dos bons jogadores e das boas equipas.
Quando um jogador lança, segundo o princípio da selecção do lançamento que já analisámos noutro post, ele deve assegurar-se que há alguém da sua equipa colocado para o ressalto. A equipa no ataque deve assegurar sempre o equilíbrio defensivo. Este equilíbrio significa que no caso de perder a bola existe a possibilidade de estar preparado para defender antes mesmo de perder a posse da bola. E isso consegue-se, tanto pelas posições dos jogadores como pela sua atitude física e mental.
Voltando ao princípio do equilíbrio entre ressalto e recuperação defensiva, o que ele significa é que uma equipa deve estar organizada para que, sempre que há um lançamento, dois jogadores, pelo menos, vão ao ressalto ofensivo e outros dois recuperem defensivamente para obstar a um possível contra-ataque do adversário. É evidente que tudo depende de algumas variáveis: é diferente se o lançamento resulta de um ataque por sistema fechado, em que as próprias posições e funções de cada jogador estão previamente definidas, ou se resulta de um ataque "livre" por conceitos em que a atribuição de responsabilidades e o momento e local do lançamento é mais indefinido.
O lançador joga um papel fulcral neste princípio. Por um lado é ele que decide o momento de lançar, considerando devidamente o posicionamento dos colegas ou não. Por outro lado, se ele quando lança o deve fazer com a completa convicção de que vai encestar, não é de todo lógico que assuma que vai falhar indo de imediato ao ressalto. Aqui, neste caso, acontece no entanto um facto indesmentível. Após o lançamento, o lançador é o melhor colocado para sentir se a bola vai entrar ou não, e, eventualmente, quais são os desvios não pretendidos que deu à bola. Nessa situação ele é também o jogador melhor informado sobre o possível local de ressalto da bola e aí, logicamente ele deve disputá-lo.

Passemos a uma análise comparativa de imagens de dois jogos sem no entanto afirmarmos que tem validade científica. apenas uma experiência de comparação entre dois níveis de jogo diferentes.
No primeiro video que seleccionei nota-se, se se reparar bem, num nítido desequilíbrio neste princípio que tratamos aqui. É que na maior parte dos lançamentos há só um ou mesmo nenhum atacante a assegurar o ressalto defensivo. Todos os outros optaram (ou estavam colocados) por recuperar defensivamente.
Já no seguinte video onde se confrontam duas das melhores equipas da NBA, - os Celtics e os Lakers - em grande parte das situações há um efectivo equilibrio entre a ida ao ressalto e a recuperação, sendo que geralmente há dois homens no ressalto ofensivo.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A propósito de uma afirmação.

“Muitos olham mas poucos vêem.”
Bob Knight

Olhar e ver são duas coisas diferentes, tal como o treinador norte americano afirma. A leitura de jogo de que já falamos requer o ver e o decifrar, em lapsos de tempo muito curtos, em espaços restritos e em situações emocionalmente carregadas. Ao nível neurofisiológico e psicológico, o que está na base desses processos são mecanismos complexos e na maior parte das vezes inconscientes.
Um dos maiores neurofisiologistas do século XX, o francês Jacques Paillard, estudou os processos que estavam na base da percepção, também no desporto, e revelou muitos dos seus mecanismos. A questão da percepção dos espaços é, no caso do basquetebol, extremamente importante. Os treinadores aproveitariam em muito se conhecessem e usassem algumas das conclusões desse autor. Em França já vários treinadores o fizeram, com proveito.
Numa próxima oportunidade traremos alguns exemplos retirados deste autor.  

A "técnica perfeita" de lançamento.

Ao ver George Mikan a lançar num post que lhe dediquei no meu outro blog, sedimento a ideia, que me parece correcta, de as técnicas serem acima de tudo a resolução individual e prática de problemas que são colocados ao jogador pelos adversários. Os movimentos de uma técnica não existem em si mas são a adaptação aos obstáculos que o adversário coloca e às condições materiais em que a técnica se realiza. Idealizar as técnicas, abstractizá-las, descontextualizá-las são caminhos que levam à cristalização da evolução dos jogadores e os tornam potencialmente diminuidos de eficácia.
Durante os meus anos de treinador sempre fui bastante fundamentalista na execução técnica segundo os princípios da biomecânica e da lógica dos movimentos. Acho no entanto que devo temperar um pouco essa forma de ver as coisas.
Ontem, ao ver o aquecimento de um jogo da primeira divisão feminina, ficava de cabelos em pé quando via no aquecimento uma jogadora a lançar de uma forma completamente "errada", no tiro exterior: ela era direita e fazia a bola partir do lado esquerdo da anca, implicando um movimento cruzado e oblíquo do braço à frente do corpo. No aquecimento falhava quase sempre. No jogo meteu quase sempre. Mas é preciso dizer que metia com as defensoras a dois metros, sem pressão. Com pressão tudo seria diferente, digo eu.
Conhecem-se casos na história do nosso basquetebol de jogadores que lançavam de forma completamente errada segundo os "canones" mas tinham uma precisão notável. Que conclusão tirar? Continuo a pensar que se o jogador aprender de início uma técnica biomecanicamente correcta será melhor. Mas quando o jogador prova a eficácia da sua técnica, aparentemente incorrecta, os outros devem render-se à evidência.
Quem conhece a história do jogo sabe que as técnicas, desde as do lançamento, do drible ou outras quaisquer, foram mudando ao longo da evolução do jogo. Não devemos pensar que estamos no "fim da história" no que se refere às técnicas do jogo.
Muito mais havia a dizer sobre a técnica de lançamento. Para já ficámos por aqui. Só me apetece dizer que "a técnica perfeita" de lançamento não existe.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A leitura de jogo no ataque

A leitura do jogo, no ataque, compõe-se da leitura da defesa adversária e da leitura do ataque próprio, tendo por base o conhecimento da estrutura estratégica da sua equipa.
O jogador precisa sempre de ter uma visão alargada do que está a acontecer: onde estão os defensores, como estão defendendo, onde estão os seus pontos fortes e fracos (estes últimos já deverão ser são trazidos do estudo prévio ao jogo mas terão de ser confirmados ou não no próprio jogo).
Por outro lado, embora sabendo previamente como a sua equipa quer jogar no ataque, o jogador precisa de verificar o que realmente está a acontecer com os seus colegas: as suas posições, as posturas, e se estão a ser dominantes ou dominados, etc.
Só quando são feitas em paralelo as duas leituras é que se pode dizer que a leitura de jogo está a ser realizada devidamente.
Na leitura da defesa é só olhar na perspectiva inversa.
Sobre esta temática, remeto-vos para um excelente escrito do treinador Mário Barros, no site do Planetabasket, onde além de uma análise teórica ele propõe exercícios de melhoria desse importante aspecto do jogo. E não se esqueçam de abrir o artigo completo em pdf.