Aprender e ensinar basquetebol será um blog dedicado a todos aqueles que se dedicam à aprendizagem e ao ensino deste jogo maravilhoso nas fases iniciais.
Já que pusemos um termo na publicação de mensagens no blog gémeo deste, o "120 anos de basquetebol", que ficou como depósito de mensagens sobre a história do basquetebol, vamos neste blog incluir, por vezes, mensagens de natureza histórica.
Começamos com uma frase de um grande historiador português já falecido de seu nome Vitorino Magalhães Godinho.
"Voltarmo-nos para o passado destina-se, em primeiro lugar, a enriquecer a nossa experiência, enriquecê-la em contacto com as múltiplas e variadíssimas experiências de todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares."
Se um dos problemas de quem ensina é, o facto de, como disse um dia Epiteto, ser "impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe.", pelo contrário, um trunfo de quem ensina é contar com o trabalho e o reconhecimento de quem tem a seu cargo ensinar.
Pete Maravich foi um grande mestre na arte de jogar o jogo e de apresentar e trabalhar os fundamentos sem os quais é impossível jogar bem. Com ele aprende bastante quem quiser ir mais longe nesta arte. O drible é um dos fundamentos a aprender bem cedo e a aperfeiçoar sempre.
"Para um treinador, o resultado final não se lê em
pontos a favor oupontos contra. Ao contrário, se lê em quantos homens e
mulheres de valor têm se transformado, tantos jovens atletas que ele treinou”.
É este resultado que nenhum jornal,
estatística ou livro de recordes publicará
jamais.
Este é o resultado que ele lerá de si
mesmo, quando a última partida terminar “.
"A estratégia sem táctica é o caminho mais longo para a vitória. A táctica sem estratégia é o som que se ouve antes da derrota."
SunTzu
Nos próximos tempos iremos tentar aqui no blog percorrer o vocabulário e os conceitos fundamentais dos desportos colectivos em geral e do basquetebol em particular. Começamos com Sun Tzu que há muitos séculos atrás escreveu "A arte da guerra".
Confesso que sou um profundo admirador de Pete Maravich, o Pistol Pet.
Já passei umas boas horas na net a vê-lo jogar e a vê-lo ensinar-nos coisas. Hoje trago aqui um video onde ele nos ensina coisas sobre a arte do passe em que ele foi um verdadeiro artista. Espero que gostem como eu.
Retiramos do blog de Enrique Granados, "El juego de Naismith" uma mensagem interessante sobre estratégias metodológicas na iniciação:
"Nos movemos entre diferentes estrategias metodológicas en
la iniciación deportiva: 1) No dar soluciones a las tareas
dentro de las sesiones (incentivando la capacidad resolutiva dentro del propio
juego).
2) Dar un surtido de opciones, no demasiado amplio para no
apabullar, que les permita seleccionar y ejecutar sus decisiones (agilizando la
capacidad resolutiva).
3) Negar cualquier razonamiento ofreciendo únicamente una
respuesta adecuada (sin implicación cognitiva de los jugadores).
Nadie puede sentar cátedra sobre cuál es mejor, seguramente las tres son
válidas en según qué situaciones se presentan.
Pero obviamente si queremos que los jugadores jóvenes se formen con una
buena capacidad cognitiva (que puedan tomar las decisiones más acertadas en el
juego) será fundamental que puedan experimentar con sus propios errores (opción
1) adquiriendo un bagaje motriz amplio fruto de su experimentación, así como que
también sepan discriminar información y agilizar su toma de decisión (opción 2)
con la ayuda de un técnico/instructor/educador que sepa ofrecer varias
respuestas válidas (pocas) para que el jugador seleccione y ejecute. Es evidente
que si negamos la posibilidad de error en el jugador (opción 3) mostrándole
únicamente la respuesta válida, vamos a obtener jugadores sin poca capacidad de
lectura, sin una buena capacidad de toma de decisiones, en definitiva jugadores
planos que esperan "ser guiados" constantemente.
Implicar a los jugadores a nivel cognitivo es dar un salto de
calidad en el entrenamiento, en el propio proceso formativo."
O nosso João Pinto disse um dia que "prognósticos, só no fim do jogo".
A final da Euroliga deste ano foi bem um exemplo dessa máxima sábia. No site federativo dos treinadores espanhóis vem uma boa análise a esse acontecimento que ilustra uma lição a não esquecer em qualquer jogo. Veja aqui nesta ligação.
Já que ninguém respondeu às questões que coloquei dias atrás sobre o Mikan Drill, respondo eu.
Eis aqui a ligação para um video demonstrativo do Mikan Drill, onde um treinador indica quais os objectivos que se podem obter com ele: trabalho de pés, lançamento em "finesse", ritmo, etc.
Alguns dos exercícios competitivos de lançamento que utilizo com as minhas jogadoras do desporto escolar foram inspirados pelo profissional da NBA, Steve Nash, em clips da Youtube.
Assim, chamo a um exercício competitivo que utilizo, o STEVE NASH de 2, a uma competição individual de lançamentos exteriores de 4 posições, em que em cada uma dessas posições, a jogadora tem de concretizar dois lançamentos (de um lado ou de outro). Os spots são: 0 graus lateral, pés fora da zona restritiva; 30 graus lateral, pés idem; cotovelos, pés idem; frontal (atrás da linha de lance livre). Quando uma jogadora lança a 0 graus de um lado faz o seu auto-ressalto e vai lançar do outro. Para passar para o spot seguinte tem de concretizar dois cestos, ou do lado direito ou do lado esquerdo do cesto. O exercício termina quando uma jogadora conseguir concretizar os seus dois cestos de posição frontal, num total de 8 cestos. Essa jogadora vence e eu tiro o tempo, determinando quem baixa o tempo record. Faço também o Steve de 3 em que aumenta o número de cestos concretizados exigidos.
Objectivos: aplicar a técnica correta do lançamento exterior, em posições variadas face ao cesto, de forma rápida mas sem perda de técnica. Ao fazer-se este exercício e ao repeti-lo as jogadoras fazem imensos lançamentos, estão imensamente motivadas e aplicadas. Quem não aplicar a técnica é convidada a ir para a parede treinar os fundamentos técnicos do lançamento correto, durante o tempo necessário. Eu digo-lhes o que estava mal: se é o pulso, o braço, os apoios, as pernas ou outro pormenor.
No fim digo os resultados, felicita-se a vencedora e de forma entusiastica quem bata um record. A título de curiosidade, o record da minha equipa para o STEVE de 2 vai em 34".
Utilizo os seis cestos de que disponho e tento que não haja mais de 3 jogadoras por cesto o que por vezes é dificil pois tenho 20 jogadoras e elas são muito assíduas. Em cada repetição rodam de cesto.
Numa próxima oportunidade falarei de outros exercícios deste tipo.
PS: Para contextualizar informo que as infantís do desporto escolar que treino, têm 12/13 anos, iniciaram-se há cerca de 8 meses e têm 2 treinos de 50 minutos por semana e uma média de uma jornada concentrada de dois jogos a cada 3 semanas).
O clip da youtube que me inspirou para alguns dos exercícios competitivos de lançamento foi o que mostro em baixo. Penso que também vocês poderão recolher algumas ideias com ele, de forma pessoalizada, como é natural.
A frase com que Steve começa o clip é muito denunciadora de como o talento á, como disse alguém: 5% de inspiração e 95% de transpiração:
"Se todos os jogadores de basquetebol trabalhassem tão duro quanto eu, eu estaria desempregado".
O título desta mensagem, ao fim e ao cabo, expõe as três formas possíveis, julgo eu, de encontrar os exercícios ou jogos para os treinos. Aliás, se quisermos ser mais pormenorizados e precisos devemos saber classificar as várias formas de treino que existem e que vão do exercício mais delimitado e analítico ao jogo mais sobredeterminado (com maiores cargas do que o próprio jogo real, se é que isso é possível). Há alguns autores espanhóis que sistematicamente e de forma muito bem conseguida apresentaram uma taxonomia desses meios de treino.
Copiar, adaptar, ou criar são talvez mais do que três formas possíveis, são as formas existentes e complementares. Se só copiarmos corremos o risco de aplicar acefalamente e de forma não adaptada meios de treino aos nossos jogadores. Os treinadores que agem desse modo ficam inteletualmente limitados; se só copiarmos e adaptarmos, perdemos a oportunidade de encontrar uma forma bem precisa de ir ao encontro de necessidades que só os nossos jogadores e equipa têm naquele momento, perante condições de treino (tabelas, n.º de jogadores, bolas, campos, etc) também particulares. Só o recurso à invenção, além de poder adaptar-se da forma mais apropriada às necessidades da nossa equipa, desenvolve a capacidade criadora do treinador que é tão necessária para esse mister. Mas há riscos daqueles que só inventam sistematicamente. Muitas vezes inventarão a roda e estão a desperdiçar soluções altamente interessantes que a história da pedagogia do basquetebol consagrou. É o que acontece aqueles treinadores que sem conhecerem as formas técnico-tácticas consagradas, têm a veleidade de inventar modelos de jogo absolutamente novos. Pensamos que estes últimos modelos só são acessíveis aqueles que conhecem muito do passado e são basquetebolisticamente cultos.
Primeiro preocupo-me bastante com a forma técnica. Sou daqueles que acho que a "forma" biomecânica que é considerada correta neste momento, já está estabilizada há muitos anos por ser algo de comprovada eficácia. Por isso dou um valor enorme à capacidade dos atletas adquirirem a forma correcta no lançamento exterior. Todos aqueles aspectos, por demais conhecidos, e que vão desde os apoios até ao "seguir o lançamento" e trabalho de pulso, são por mim ensinados, de forma analítica, aos bocados e em doses homeopáticas, durante os treinos. Vou depois integrando os atletas em exercícios competitivos de lançamentos, mas exigindo-lhes que respeitem a técnica. Quem não o fizer, terá de sair do exercício competitivo, e, à parte, corrigir a técnica: o trabalho de pulso, os apoios e enquadramento, o seguir o lançamento ficando com o braço estendido para cima, etc. Só depois de me mostrar que corrigir o aspecto em que falhou voltará a integrar-se nas competições de lançamento. Nos treinos, vou alternando estes exercícios competitivos com outros, corretivos e analíticos. Numa próxima oportunidade, darei exemplos concretos.