quinta-feira, 26 de abril de 2012

O sentido do cesto

Hoje, a minha aluna Mariana Gonçalves mandou-me uma ligação para um video que mostra um cesto extraordinário.
Veja também o video e depois gostava que lesse o meu comentário.


Será que houve intenção de lançar? Há um índice que me parece indicar que sim. O jogador, mal lança, vira o olhar na direcção do cesto bem rapidamente. Mas para ter a certeza, só perguntando ao jogador. E mesmo assim, podia talvez acontecer de o jogador, em consciência, não saber responder.
É que nisto do desporto (e não só) e do movimento, aquilo que o guia é da ordem de um contínuo que vai do totalmente consciente ao totalmente reflexo. E no meio há toda a gama de transição possível.
Para finalizar o comentário dando corpo ao título que escolhi, eu diria que, assim como os homens possuem vários sentidos (visão, audição, etc) também vão construindo outros mais complexos. Incluo neles, por exemplo, o "sentido do jogo" e dentro dele, o "sentido do cesto".
Não terá sido este "sentido" a funcionar no lançamento do jogador estoniano?
E obrigado Mariana, por causa da tua sugestão ter inspirado esta minha mensagem.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ser professor

"Grande professor é aquele que ensinando pouco, faz crescer no seu discípulo grande vontade de aprender."
Autor desconhecido

P.S. Se algum leitor conhecer o autor agradeço que me diga para lhe dar os créditos devidos.
Esta frase faz-me lembrar a do professor Hermínio Barreto que diz: "Não ensine muito, espere que eles aprendam bastante."

domingo, 22 de abril de 2012

"Quem só sabe de medicina, nem de medicina sabe"

Quem pensa que aprende basquetebol só a praticar, ver, ler ou a estudar basquetebol está muito enganado.
Aproveitará muito mais se, pelo contrário, vir e estudar outros desportos, colectivos ou não, ou mesmo lendo, vendo, estudando coisas muito afastadas do mundo do desporto.
Um bom conselho que aprendi quando frequentava nos anos 80 o curso de Educação Física no Instituto Superior de E.F da Universidade do Porto, estava expresso na seguinte frase: "Quem só sabe de medicina nem de medicina sabe". A frase estava exposta no átrio do rés do chão da Faculdade de Biomédicas Abel Salazar e era atribuída a esse grande expoente da medicina e da cultura nacional, infelizmente perseguido pelo regime anterior ao 25 de Abril de 1974.
Faça-se a transposição e chegar-se-á facilmente à conclusão que aquele que só sabe de basquetebol, provavelmente nem de basquetebol saberá.

sexta-feira, 20 de abril de 2012




“Quando um jogador está inseguro do que tem de fazer, normalmente não faz nada. E não fazer nada é pior do que fazer uma coisa errada. É por isso que dizemos aos nossos jogadores para fazerem alguma coisa, mesmo que esteja errada. Nós iremos corrigi-lo depois.”

Morgan Wootten, in Coaching basketball successfully. Pag 67
Morgan Wootten

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O que é importante para um treinador

"Para um treinador, o resultado final não se lê em pontos a favor ou pontos contra. Ao contrário, lê-se em quantos homens e mulheres de valor se têm transformado, tantos jovens atletas que ele treinou”.
É este resultado que nenhum jornal, estatística ou livro de recordes publicará jamais.
Este é o resultado que ele lerá de si mesmo, quando a última partida terminar “.
Denny Crumm
Retirado do site do Agilson Alves

sábado, 14 de abril de 2012

Para além (por vezes contra) dos sentidos


"Como todos os animais, nós exploramos o mundo por intermédio dos nossos sentidos. Porém, só nós fomos capazes de alargar indefinidamente o alcance dessa exploração. E sobretudo, só nós sabemos olhar, não só com os olhos, mas também com o nosso cérebro. É antes de mais a nossa inteligência, e não os sentidos, que nos permite conhecer a composição química de uma estrela para sempre inacessível, ou determinar o estranho comportamento de certas partículas elementares."
Albert Jacquard, in A herança da liberdade.

Também no basquetebol isto é profundamente válido, não é, meus caros leitores?
Nós lemos e interpretamos as situações de jogo que vemos com os nossos olhos e com outros sentidos (audição, tacto e quinestesia), através dos conhecimentos e habilidades mentais que o nosso cérebro educado socialmente nos permite.

"Noções fundamentais" segundo Gérard Bosc

Gérard Bosc é um nome incontornável do basquetebol francês. Treinador de basquetebol, ex-director técnico nacional, professor de Educação Física
ele tem a particularidade de ter escrito, sozinho ou em parceria, muitos e excelentes livros sobre basquetebol assim como produziu vários documentos audio-visuais (G. Bosc, 1990, 1996; G. Bosc, 1999a, 1999b, 1999c; G. Bosc, Bosc, J., 1991; G. Bosc & Grosgeorge, 1988, 1999; G. Bosc & Poulain, 1996; G. Bosc, Poulain, T., 1990; G. Bosc & Thomas, s. d.).



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sabedoria de Jorge Adelino

Todas as semanas, no site da ANTB, o professor Jorge Adelino escolhe uma frase relacionada com basquetebol e a partir dela desenvolve um comentário.
Todas as semanas lá vou à procura da sabedoria deste grande treinador português, que tem tanto para ensinar a quem quer aprender.
Já agora, ocorreu-me uma frase de Morgan Wootten, que reza assim:
"Remember, learning stops when you think you have all the answers".




terça-feira, 10 de abril de 2012

O exercício e o jogo

"No drill is any good unless it's used in some form in the game. There is no transfer of learning. I emphasize to my guys that anything we do in practice is not a drill. If they get to thinking it's a drill, they won't notice it's the same thing that goes on in the game. I have to tell them that what we're doing in practice is exactly what happens in a game. Everything we do in practice must show itself somewhere in the game, or else we don't do it."
Pete Carril (treinador)

domingo, 8 de abril de 2012

"The Ultimate Coaches' Clinic"

ULTIMATE COACHES CLINIC: DEAN SMITH
"In 2008, Pat Williams, the GM of the Orlando Magic and a tremendous motivational speaker put out a book, "The Ultimate Coaches' Clinic." It is a fascinating book because of the style Pat utilized. He surveyed over 1000 coaches and administrators for insights to what is important to successfully do their job. From time to time I will share a few but it is a great book to own and I highly recommend it. Here are some thoughts from Dean Smith:
1. Building a team takes patience and planning. There are no shortcuts. Repeat drills until good habits are established.
2. Reward unselfish behavior, and profusely praise those acts you want to see repeated.
3. Play hard; play together; play smart.
4. Spell out the importance of team play. One man who fails to do his job unselfishly can undermine the efforts of the four other players on the court. Team goals supersede individual goals. Team success makes each individual stronger."
 in http://hoopthoughts.blogspot.pt/2010/08/ultimate-coaches-clinic-dean-smith.html

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Desequilíbrios

Há dias tomei conhecimento da "chamada" revisão curricular feita pelo ministério da educação.
Pouco depois, por acaso, li uma frase proferida por um aluno francês que me fez trazer logo à mente a dita "revisão".
"O exercício mental, fazêmo-lo trinta horas por semana.
Exercício físico, dez vezes por mês.
Não é lógico!"
Emmanuel, 9.º ano, 15 anos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Perguntas aparentemente ingénuas

O que aconteceria ao nível da formação de jogadores de futebol se os miúdos não tivessem espaços e tempos livres onde joguem em liberdade, onde criem, experimentem, errem e se divirtam? Felizmente para jogar futebol fácilmente se improvisam balizas e se adaptam espaços, embora estes últimos, cada vez mais escasseiem, fruto de políticas de construção urbana profundamente erradas.
Para encontrar um espaço (mesmo que haja tempo) livre, com uma tabela, onde possam jogar... basquetebol, nos concelhos do Porto ou Gaia, é preciso ir ao fim-do-mundo. É que para jogar basquetebol é preciso pelo menos uma tabela, além do espaço e da bola.
Como é possível que se formem jogadores de basquetebol nestas condições? É que a prática só em espaços e tempos de treinos, necessáriamente limitados, não chega.
E como é possível que se formem crianças e jovens saudáveis e desenvolvidas nas nossas cidades se cada vez menos condições têm para jogar livremente com o seu corpo?



Leitura de jogo, Espaços e Poderes de Acção

Todos estes conceitos de que temos vindo a falar, EJE, CJD, ECP, ZF, para além de serem critérios de leitura do jogo e do seu nível relativo por parte dos treinadores na sua observação armada, podem e devem ser conceitos integrados pelos próprios jogadores e que constituem referências comuns para o seu jogo coordenado colectivamente. Mas para isso é preciso ensiná-los, progressivamente, aos jogadores.
É também claro que a leitura de jogo se liga aos poderes de acção dos jogadores (poderes técnico-físicos). De certo modo um jogador só lê no jogo o que pode fazer, e pelo contrário, os seus poderes de acção exigem a leitura adequada.
Para além destes conceitos de Espaço e dos Poderes de Acção dos jogadores, há índices, - indicadores - no jogo que também contribuem sobremaneira para a leitura de jogo. Na próxima mensagem iremos falar deles.

domingo, 1 de abril de 2012

O "Corredor de jogo directo"

Continuando a definir conceitos que nos permitem ler o jogo, hoje trazemos o importante conceito de "Corredor de jogo directo" (CJD). O CJD, que eu tenha conhecimento, foi pela primeira vez definido pelo professor de Educação Física francês, Justin Teissié, que era também especialista em futebol, num livro de 1961.
Consiste esse CJD, num corredor com cerca de 2 metros de largura e que vai do jogador atacante ao cesto. Há quem tenha feito um desenvolvimento desse conceito e considere que tanto os jogadores atacantes com bola ou sem ela têm esse corredor. Além disso, distinguem o CJD do jogador com bola como sendo a Radial que é um termo da circulação rodoviária que significa uma estrada que traz da periferia ao centro de uma cidade. A periferia é também outro dos conceitos que estão articulados ao CJD e ao "Espaço de jogo efectivo" (EJE). (Ver figura em baixo)
Este conceito (CJD) permite distinguir o jogo directo do jogo indirecto. No primeiro, o ataque consiste em passes ou dribles penetrantes, em lançamentos, em situações de 1X1. Quando a bola sai deste corredor então considera-se que há jogo indirecto.
Também este conceito permite aferir da capacidade e nível de jogo dos jogadores e equipas, tal como os anteriores conceitos que temos vindo a definir: o "EJE", o "Espaço de Finalização"; o "Espaço Corporal Próximo". Com eles podemos ler o jogo produzido. Por isso podemos afirmar que são critérios importantes de leitura do jogo de basquetebol que os treinadores devem dominar e que também são importantes para os próprios jogadores. Fazem parte da línguagem do jogo, e são referências comuns, cujo domínio faz com que o jogo individual, grupal e colectivo se possa articular devidamente, desde que também sejam desenvolvidos concomitantemente, as técnicas individuais e colectivas que os concretizam.