terça-feira, 29 de maio de 2012

"A pedagogia da estupidez"

"Sou do tempo em que se aprendia futebol na rua. Era difícil haver um garoto como eu, lá pelos 11, 12 anos de idade, que não controlasse a bola com qualquer parte do corpo sem deixá-la cair. Lidávamos melhor com uma bola que com uma caneta. Com o passar do tempo aprendíamos o valor do passe, do bom posicionamento, de bater certo na bola. Para o futebol, tornávamo-nos muito inteligentes. Muitos dos meus colegas de infância de Santos tornaram-se profissionais da bola. Não tenho dúvidas quanto à eficácia daquela pedagogia de rua, em que os mais velhos ensinavam aos mais novos e todos ensinavam todos, movidos pela ambição de se tornarem profissionais ou simplesmente pelo gosto de jogar. Quando fui para a universidade, causou-me espanto perceber que essa linda e eficaz pedagogia não foi absorvida pelos estudos universitários. A mesma estupidez que existia nos treinamentos antigos do futebol profissional persistem ainda hoje, sem que os estudos acadêmicos os influenciassem. E quando as tais escolinhas de futebol foram inventadas, deixaram a rua de fora e criaram a pedagogia do cone e da estupidez; nada trouxeram da universidade. Deixo de lado, em minha crítica, as boas escolinhas, que existem, e as louvo."




Um comentário:

  1. Este texto tem tanto de simples como de verdadeiro.
    Não menosprezo o papel que a abordagem científica tem no desenvolvimento do desporto mas também sou da opinião que nas idades mais jovens se devia simplificar e voltar ao essencial, o prazer e a aprendizagem que o simples 'jogo' nos trás

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