domingo, 11 de dezembro de 2011

As mensagens de José Ricardo (1)

Começo pelas mensagens que José Ricardo transmitiu e que me sensibilizaram particularmente:
Clareza: em todas as suas intervenções, a clareza foi uma constante. Clareza de propósitos, para cada um dos exercícios que apresentou; clareza nas correcções; clareza nas mensagens que transmitia aos atletas e aos treinadores presentes.
Sentido do essencial: pelo menos, por duas vezes, José Ricardo vincou a importância de os treinadores não se perderem nas coreografias dos exercícios, mas usarem da simplicidade da sua organização de modo a centrarem-se realmente nos conteúdos a transmitir e a fazer aprender. Da sua experiência como formador de treinadores, chamou a atenção para um dos erros típicos dos treinadores principiantes em darem mais importância à "coreografia" dos exercícios do que àquilo que é o seu conteúdo essencial.
Ligar o exercício ao jogo: as formas de organização e as suas evoluções devem ir no sentido de uma ligação à forma do jogar. Isto foi explicitamente transmitido verbalmente, a meio da sua intervenção, mas acima de tudo foi uma constante nos exercícios que apresentou. Por exemplo, o primeiro exercício e a sua sequência, ao mesmo tempo que trabalhavam aspectos técnicos do lançamento na passada após passe e corte, ligavam-se à transição defesa-ataque, seguindo alguns dos princípios clássicos dessa transição.
A comunicação e o aspecto humano do treino: José Ricardo valorizou bastante estes aspectos do treino e do jogo, indo ao ponto de os integrar explicitamente nos exercícios. Dois exemplos foram a exigência de se dizer o nome do colega para quem se passa a bola e o sorrir ao lançar na passada. Este último aspecto fez-me lembrar, salvo erro, o grande psicólogo americano, já clássico, William James, de tendência behaviourista, que dizia que não choravamos por estarmos tristes, mas estamos tristes por chorarmos...
Ao almoço, tive a oportunidade de estar perto do círculo de pessoas que conversaram com o José Ricardo. Nessa conversa vi como ele sedimentou uma filosofia de treino e de estar no basquetebol e na vida, demonstrativa de grande sentido de responsabilidade humana, o qual se expressa, sobretudo, na forma como se sentem as dificuldades dos outros e se reage em conformidade.

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