Mário Gomes, elemento da equipa técnica nacional que levou a nossa equipa ao europeu da Lituania teve uma intervenção no clinic da Póvoa de que gostei muito. Em tom de súmula, publico aqui algumas das suas frases e/ou ideias já que nem sempre retive todas as suas palavras. Espero não trair o seu pensamento.
"As primeiras coisas primeiro".
"Treinador não se deve remeter às quatro linhas", Aí está a sua intervenção política sobre o basquetebol, no sentido nobre da palavra.
"Os treinadores devem ter uma palavra sobre as decisões do nosso basquetebol".
"É preciso motivar os dirigentes, além dos jogadores, em torno de objectivos".
"As nossas selecções jovens mostram trabalho bem feito"
"Quantidade e qualidade da competição não é substituível pelo treino".
"O problema do nosso basquetebol não é morfológico, como se fala há 5 décadas".
"Ao contrário do que se diz o problema não está nos hábitos ou atitudes dos jogadores que nesses aspectos foram do melhor."
"Nos contactos internacionais a equipa nacional tem um problema natural de consistência devido à fraca participação nesses mesmos confrontos em comparação com as equipas que defronta. Isso só se resolve com mais contactos internacionais nas selecções mas também nos clubes. Mais uma vez os treinadores deveriam ter voz nessa questão."
Mário Gomes deixou algumas questões no ar:
Porque é que temos dificuldades sobretudo nas fases do ataque?
"Temos problemas no contra-ataque. Estamos melhor no 5X5 do que no 2X1 e isso não é normal. Será que se está a trabalhar na formação contra-ataque?
Mário Gomes citou uma frase de Mário Palma, seleccionador nacional, segundo o qual, "o contra-ataque não é correr, saltar e lançar, mas sim correr, pensar, saltar e lançar."
Porque é que, nas selecções jovens, o lançamento exterior é muito mais um argumento do feminino do que no masculino?
Os lançamentos que a selecção faz, mesmo sem serem forçados mas bem seleccionados padecem de percentagens fracas. Porquê?
Há problemas de continuidade no ataque quando os set play não dão em lançamento.
A bola é muito tempo retida pelo possuídor havendo problemas de velocidade de circulação de bola no ataque. "Quando não há solução imediata a bola deve circular."
"Há muitas crenças erradas sobre o modelo de jogo". A começar pelo que é um modelo de jogo.
"Quando os jogadores chegam aos 18 anos põe-se o problema do que fazer com eles. A formação não terminou e é preciso criar soluções como por exemplo a Espanha criou. Deveriam ter competição de qualidade e treinar mais e melhor o que não acontece actualmente."
Mário Gomes revelou também uma frase de Aíto no jantar do primeiro dia: "Há sempre um momento em que cedemos - os treinadores - e de que depois nos arrependemos."
"O treinador não deve abdicar nunca da sua cultura de treinador."
Mais uma vez precavendo o leitor para o facto de algumas das frases que lhe trouxe aqui poderem não corresponder exactamente ao dito por Mário Gomes devido à dificuldade de transcrição do discurso, guardo para o final uma frase emblemática que, essa sim, memorizei bem:
"Os desistentes nunca vencem. Os vencedores nunca desistem".